Insurgente - Quando a política dá lugar ao romance pós-apocalíptico

Em meio ao fervor político que nosso país vive, Insurgente chega aos cinemas com a premissa de levar um sentimento de revolução a nova geração. Mas o que deveria funcionar como um motivação, acaba virando um entediante romance pós-apocalíptico.
Insurgente, continuação direta de Divergente (2014), leva as telonas o segundo livro da saga escrita por Veronica Roth. Tris, Quatro e seus companheiros agora encaram as consequências da rebelião contra a tirania da Erudição. Sem poder confiar em muitas pessoas, eles lutam para sobreviver e encontrar uma solução para tudo que está acontecendo, não importa o quão radical ela seja.

O mundo de Insurgente não é muito diferente do mostrado em outras adaptações de obras infanto-juvenis, como Jogos Vorazes. A população entrou em colapso e agora luta para entrar nos trilhos. Existe ainda uma divisão na população, aqui mostrada como o sistema de facções. Jeanine, líder da Erudição e que orquestra todo o golpe, continua a caçar Divergentes. Não apenas para matá-los, mas agora pra usá-los como parte de seu plano final para assumir o poder.
Vamos embora galera que o filme é ruim!
Pena que a premissa não se desenvolve de forma satisfatória. É visível uma imensa queda de qualidade na continuação. Devido, talvez, a troca de direção. Saiu Neil Burger e entrou Robert Schwentke. O lado político foi trocado por cenas de ação e diálogos rasos. Elementos que poderiam ser assimilados pela geração "vem pra rua" são engolidos por perseguições, tiroteios, beijos e tensões familiares. Parece mais um movimento Black Block do que uma marcha organizada.

As cenas de ação são bonitas sim, principalmente as que ocorrem dentro das simulações, apresentadas no primeiro filme. O problema é que as melhores foram usadas nos materiais de divulgação, restando pouca surpresa para os espectadores. As atuações também decaem. Shailene Woodley, que carregou Divergente nas costas, não convence aqui. Aliás, ela faz sua versão de Katniss em A Esperança Parte 1. A garota forte que luta contra tudo e não se rende a ninguém some e dá lugar a uma pessoa indecisa, abalada e com o velho sentimento de "não nasci pra fazer isso", apenas para ouvir que "sim, você nasceu pra isso".



Kate Winslet continua no modo automático, fazendo com que pareça que está louca pra que tudo aquilo acabe (caberia um spoiler aqui). A surpresa fica por conta de Naomi Watts, que interpreta Evelyn. Mais solta em cena, a atriz torna crível as intenções de sua personagem. O resto do elenco faz bem o papel de apoio, impedindo que o filme desabe por completo. Tantos pontos negativos fazem com que as reviravoltas e subtramas não causem o impacto inesperado no público. Nada surpreende por completo. Sem contar o foco ainda maior no romance entre Tris e Quatro. Nem mesmo o sexo funciona para criar um empatia com o casal, que disputa forte com o igualmente chato relacionamente presente em Jogos Vorazes.

O que ainda vale é a presença maior de outras facções como Amizade e Franqueza, ambas com um certo destaque no longa. E a promessa de uma trama, aparentemente, mais interessante para as partes finais da franquia. A falta de uma trama mais elaborada faz com que os 119 minutos de correria passem lentamente. É uma pena, de fato, pois Insurgente tinha muito potencial para explorar. Poderia ser algo a ser usado como inspiração nesses novos movimentos da sociedade. Mas vai acabar caindo no ostracismo, como a grande maioria das novas franquias adolescentes.



Se o futuro for do mesmo jeito que esses escritores imaginam e tudo ficar nas mãos dos jovens, é melhor ir pra rua protestar agora. Se eles não amadurecem nem diante do colapso, é melhor prevenir do que remediar.
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