Amaldiçoado: O Demônio, o Filho do Rei e a Redenção do Bruxo

Não, esse não é um título de um RPG. E não, não estou participando de um culto satanista. Tá bom, talvez eu esteja buscando caminhos alternativos para a fama, mas essa é história para outro dia...
O assunto desse "pequeno" texto é o filme Amaldiçoado (Antigo 'O Pacto' e Horns no idioma original), filme que chega aos cinemas tupiniquins com o maior jeitão de clássico do Terror B, mas com elenco e qualidade para brilhar no mainstream. Assisti o filme ano passado (locadora torrent lala'), mas aproveitei a ocasião para explanar sobre a obra. Então, sigam-me os bons.

Não deve ser nada fácil ser filho de alguém que é referencial em uma determinada área. Por exemplo, muito se esperou do filho do Pelé, mas tirando algumas proezas criminais, ele não foi tão bem sucedido quanto o pai. Por isso a missão de Joe Hill, filho do "Mestre" do terror e um dos escritores mais populares do mundo Sthepen King, é disparada uma das mais indigestas da cultura pop.


Normal não querer ter sua carreira associada a do pai, mas não teve como esconder por muito tempo. Logo, Hill se viu com a missão de mostrar qualidade, já que escolheu caminhar pela mesma estrada tortuosa e macabra de Sthepen. E com Amaldiçoado, o "garoto" mostra que manda bem e que tem melhor sorte que o pai pelo menos, que sofreu e ainda sofre com adaptações bizonhas de suas obras (leia-se entre elas O Iluminado :D). 

Para essa primeira incursão nas telonas, o escritor entregou sua criação nas mãos mais que capacitadas de Alexandre Aja, do excelente Alta Tensão. Para dar vida a trágica história de amor dos protagonistas foram escolhidos Juno Temple e Harry Pot... quer dizer, Daniel Radcliffe, que mostrou que é muito mais que um garoto com cicatriz de raio na testa.


Radcliffe vive Ig Perrish, DJ de uma pacata cidade americana, que vive um tórrido e belo romance com Merrin (Temple) desde a infância. Tudo é lindo e perfeito, até que o inferno caí sobre a vida de Ig (meio que literalmente) e Merrin é encontrada morta. Como principal suspeito do crime, Ig passa a ser perseguido, xingado, odiado e renegado até pela família. Tudo que ele tem é seu melhor amigo e advogado Lee (Max Minghella) e seu irmão Terry (Joe Anderson).

Depois de uma noite de bebedeira que faria inveja até mesmo para Dionísio, Ig vai ao local da morte da namorada para dar aquela blasfemada costumeira. Quem faria diferente, afinal? Ao acordar, ele percebe que tem dois chifres brotando de sua testa! A partir daí, meu amigo e minha amiga, é só diversão. Afinal, ser o Capiroto na Terra tem muitos lados bons, ao contrário do que a maioria pensa ;)


E são os chifres que tornam a experiência do filme tão fantástica. De forma inexplicável (coisas do além mesmo), todos que se aproximam do rapaz sucumbem a um desejo de contar todos seus segredos mais sujos e profundos, coisas doentias mesmo. E quer saber o melhor? Ninguém se lembra de nada depois. Não parece aquela farra que te faz acordar com uma mensagem da ex no whatsapp?

Alexandre Aja dá vida as incríveis cenas presentes no livro de uma maneira excelente. Destaque aqui para as cenas do consultório, do médico tarado e da briga dos jornalistas. Mas a diversão dura pouco, afinal "com grandes poderes, blá blá blá". Ig decide descobrir quem matou sua amada, mergulhando em uma mar de verdades inconvenientes.


Daniel Radcliffe merece todo o destaque do mundo. Não é seu primeiro projeto pós-Harry Potter. Mas é o melhor de todos até agora. Esqueçam o bruxinho bonzinho que queria salvar o mundo. A temática aqui é: O mundo me odeia? Foda-se, vou zuar a bagaça toda. Abraçando seu lado maligno, ele entrega uma persona sínica, sem escrúpulos e estilosa, com seu tridente (indispensável!) e suas fiéis cobras seguidoras. O humor negro cai como uma luva nos minutos que se seguem.

Mas nem tudo pode ficar tão anárquico por muito tempo. Logo entra a necessidade de se fazer justiça e trazer alento para o coração sofredor. Afinal, até mesmo sendo o Coisa Ruim, o lado bom de Ig fala mais alto e quer provar que é melhor do aquelas pessoas escrotas. Entram aqui algumas alterações do filme em relação ao livro, que podem fazer o mais xiitas torcerem o nariz. Mas a tensão e narrativa te prendem até o final. E por falar no final, que lindeza gore meu camarada.


Com uns efeitos especiais meia-boca, o longa abraça sua essência de Terror B e se diverte com isso. Tem mutilação, cabeça explodida e um cena bacanérrima com cobras para encerrar tudo com chave de ouro do inferno.

No fim, Amaldiçoado vai ser amado por muitos fãs do gênero, e execrado por pessoas sem amor no coração. Mas ninguém vai poder negar que ele cumpriu sua missão: mostrou ao mundo que Joe Hill é independente de Sthepen King e que tem tudo para igualar ou superar o pai. Isso é excelente pra todos nós :D :D. E funcionou perfeitamente para que Daniel Radcliffe mostre que aposentou os óculos redondos e a capa de invisibilidade e abraçou um novo rumo na carreira. Seja indo pelo terror ou pelo romance água com açúcar, ele tem capacidade de ser grande.

Mané ter super poderes, quero mesmo é os poderes do Pé Preto. Claro, para um período de diversão bem comportada. Nem que seja por pouco tempo, deve ser divertido pacas.
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