O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos e a dolorosa despedida da Terra Média

É difícil assistir o Hobbit e não ficar pensando em O Senhor dos Anéis. Afinal, o clima e a sensação de um lugar familiar estão por lá. Até alguns personagens também. Mas ao fim de A Batalha dos Cinco Exércitos, você percebe que as semelhanças param por aí.
Não apenas por obviamente se tratar de outra história, mas sim pela sensação de que esse não pode ter sido o verdadeiro adeus.

Uma Jornada Inesperada é lindo, curioso e divertido. Porém, longo demais. Não que isso seja um problema, mas lembre-se que a história é curta. Por isso Peter Jackson bebeu dos escritos extras das obras de Tolkien, colocando assim mais tramas e personagens, fazendo a coisa todo esticar mais um pouco.

Ao fim, vemos Smaug (magistralmente vivido por Benedict Cumberbatch), aquele que daria todo o tom da segunda parte. Parte essa que reflete todos os problemas já imaginados antes. O filme é fraco em um todo, mas funciona bem para o propósito real: enrolar algumas horas. Preparar todo nós para a batalha final e claro, esticar mais a história.

Chegamos então em A Batalha dos Cinco Exércitos e aí caro leitor, a história já tão esticada, estoura de vez. Nessa parte, vou evitar dar muitos spoilers, mas me desculpe se você ler algo que não queria saber tão cedo.


O começo serve para resolver o problema do Smaug desolado e enfurecido. Problema esse que poderia ter sido fechado no filme anterior, bastava apenas dar uma enxugada na história. Mas o dragão vem, as coisas queimam, flechas voam e Bard( Luke Evans) cumpre seu papel na história. A partir daí meu amigo e minha amiga, o filme deveria engrenar, conforme prometido antes pelo próprio Peter Jackson, que construiu tudo para a batalha final.

Antes disso, está uma das cenas mais legais composta pelos personagens mais mal aproveitados: O Conselho Branco. A luta de Elrond, Galadriel e Saruman contra os Nove e depois contra o Necromante, é de longe uma das mais belas e interessantes do filme, apesar de ser curta. Ali estão alguns dos pontos positivos do filme: as coreografias de luta e os efeitos especiais. Nisso, Peter Jackson, com uma pesada mão do produtor Guillermo del Toro, mandou muito bem.


Muitas alusões ao Senhor dos Anéis depois, o clima volta a ficar pesado, como era de se esperar. Se a ação dá uma pausa, as atuações vem à tona. O Bilbo de Martin Freeman melhora onde você já achava que estava perfeito. E a interação com Richard Armitage e seu Thorin é impecável. Thorin também merece seu destaque. Passando da loucura à razão e no fim pela redenção, deixa seu legado na franquia. Assim como o Thranduil de Lee Pace, esnobe, orgulhoso e feroz na batalha, como um verdadeiro rei élfico, mesmo que seja por motivos pessoais. Além de Gandalf é claro, vivido e muitíssimo bem por Ian McKellen.


Por falar em elfos, Tauriel e Legolas também estão nessa equação. Ela e seu amor proibido por um anão. E ele, com um destaque nunca antes visto nem nos filmes anteriores. Não chega a incomodar tanto, mas fica claro que Peter Jackson fez um baita fan service de Legolas para o público. E fan service é o que não falta na esperada Batalha dos Cinco Exércitos. Elfos, anões raivosos, humanos, orcs e águias gigantes.

Na hora da batalha, em uma sala de cinema lotada, ficou impossível de contar quantas vezes batemos palmas. Coreografia, trilha sonora e efeitos especiais. Foi de fato lindo e queria dizer que tudo acabou assim. Mas não. Em determinado momento, a batalha sai de cena e somos jogados de uma trama para outra. E claro que alguém sempre sofre com isso. A grande batalha, que é curta no livro, sai dos holofotes. E no seu lugar pendências pessoais são resolvidas. No fim, as coisas se resolvem, de forma trágica até para vários personagens. Mas mesmo com algumas pontas soltas, a história chega ao fim.


A sensação que fica é que a loucura do ouro que infecta Thorin e seu avô antes dele, também deixa sintomas em Peter Jackson. Com um pouco mais de simplicidade, poderíamos ter filmes muito melhores e mais cativantes, fazendo justiça ao que representa Tolkien e a Terra Média em nossas vidas.

Mas, quando olhamos para o Condado uma última vez, uma chama queima no coração. Respiramos fundo, encostamos na cadeira e pensamos, apesar de todos os problemas: descanse agora, você já nos alegrou demais. E quem sabe, até uma próxima. Quem sabe uma despedida digna não nos aguarda no futuro. As lágrimas já estão preparadas.
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