Filmes baseados em sagas de livros são a nova moda em
Hollywood. Não que essa prática seja nova, mas fazia tempo que não era tão
utilizada assim. Todos os dias surgem notícias de livros com “uma pegada adolescente”
que vão virar filmes. Vários trailers são divulgados diariamente, onde sempre
parece que a história é repetida e até o mesmo os protagonistas são parecidos.
E sempre acompanhados da frase que define tudo: Baseado no best-seller. Parece
que é só alguém escrever um livro que se destaca entre o “mais do mesmo”, que
Hollywood enxerga uma fonte de ouro. Não me levem a mal logo no início desse
texto. Admiro a profissão de escritor, até porque sei o quanto é difícil viver
disso e ganhar um lugar ao sol. Mas respeito mesmo aqueles que inovam, que
marcam as pessoas. Que pegam algo visto como clichê e o fazem soar diferente,
quase inédito. Levo esse mesmo pensamento para o cinema. Adoro aquele filme
pipoca, feito para divertir, mas que entende sua posição e não tenta ser mais
do que é. Mas detesto o filme ou franquia que tenta ludibriar, se apoiar em
muletas da sociedade para faturar alguns milhões. E infelizmente, é essa
mistura de repetição e enganação que vem se destacando ultimamente.
Gosto de
pensar que toda geração tem um filme ou franquia marcante, até mesmo um livro
próprio daquela época. O Poderoso Chefão, Caça-Fantasmas, Robocop, Star Wars
entre outros. Cada um marcou uma época, deu identidade para quem viveu aquele
tempo com fervor. E acho triste dizer que com meus 20 anos, estou vendo a minha
geração e a nova que está se formando perderem sua identidade. Cresci com O
Senhor dos Anéis, Matrix e Harry Potter. São filmes/livros que me marcaram de
alguma forma, que deram um rosto ao início do século XXI. Mas nunca uma geração
foi substituída tão rápido.
Se chegou até aqui, você deve estar me chamando de
louco, não é mesmo? Mas vou me justificar. Penso que precisamos de tempo para
amar um livro ou um filme. Ler mais de uma vez ou assistir várias vezes.
Identificar uma ligação com a sua personalidade, algo que te faça indicar pros
amigos, que te faça descobrir coisas novas sobre o que te cerca. É esse o
objetivo de um bom livro e porque não de um filme. Mas enxergo que as novas
sagas pulam essa fase de descobrimento e já trazem um rótulo pronto: "É assim
que você é, é assim que seus amigos pensam e ponto final". E quando as crianças
e os novos adolescentes começam a tomar aquilo como realidade, são apresentados
a uma nova forma de pensar: "Aquilo é passado, agora todo mundo é assim. Isso é
legal e bonito".
Poxa, personalidade não é como um casaco que sai de moda e
volta a ser legal em outra estação. Parece que qualquer escritor, produtor e
diretor já conhece os adolescentes intimamente. E caramba, será que todos só
querem o que esses livros e filmes mostram? Será que uma garota só quer viver
seu amor trágico e proibido? E o impressionante é que tanto faz se a história
fala de vampiros, sociedade desestruturada, bruxas ou doenças terminais, tudo
se torna raso frente às obviedades.
Não sou hipócrita, sei que ler é
importante, principalmente aqui no Brasil. Mas os novos escritores andam muito
preguiçosos. E os avaliadores desse novo material andam muito benevolentes. Quantos best-sellers são lançados por semana?É algo a se pesquisar. E quantos desses
“sucessos” são realmente importantes para o cinema? Quantos valem o
investimento? Sei que o dinheiro movimenta o mundo. Mas os jovens não deveriam
ser mais importantes? Afinal, somos nós que vamos manter o dinheiro circulando.
Assim como nossos filhos e netos. E vou te falar uma coisa, nenhuma quantia pode comprar
de volta uma geração que cresce sem personalidade. Pensem nisso!
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